STEPAN BANDERA E A QUINTA-COLUNA NAZISTA NA UCRÂNIA (Por Moniz Bandeira)
- grupomonizbandeira
- 16 de fev. de 2022
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Atualizado: 17 de fev. de 2022
Essa é a segunda publicação da série de fragmentos do último livro de Luiz Alberto Moniz Bandeira: "A desordem mundial: : o espectro da total dominação: guerras por procuração, terror, caos e catástrofes humanitárias" (2016) referentes a questão da Ucrânia.
Nesse post recuperamos na obra de Moniz Bandeira as raízes históricas do neo-nazismo ucraniano e a reabilitação do líder fascista Stepan Bandera como símbolo nacional anti-russo.

Trecho: MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto, “A desordem mundial: O espectro da total dominação. Guerras pro procuração, terror e catástrofes humanitárias”, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016, pp.224-231.
"Em 1941, após o começo da Operation Barbarossa — a invasão da União Soviética pelas forças da Wehrmarcht — as tropas da 11. Armee e a 22. Panzer-Division, sob o comando do marechal de campo Erich von Manstein, alcançaram e ocuparam a Crimeia, mas somente conseguiram conquistar a base naval de Sevastopol, depois de um cerco de 250 dias e intensas batalhas, entre julho e outubro de 1942. Durante a ocupação da Crimeia, os nazistas exterminaram mais da metade dos 65.000 judeus, que lá viviam, tanto ashkenazi quanto os judeus da montanha — juhuro/quba — e os karaites/qarays — karaism/ˈkærə.aɪt/ˈkærə.ɪzəm/. Outrossim, na Ucrânia, com uma população estimada em 30 milhões de habitantes, aproximadamente 3 milhões de judeus — homens, mulheres e crianças — foram aniquilados, à parte da matança de 850.0000 /900.000 a 1,5 milhão ou mais de não judeus.
Conquanto a grande maioria dos ucranianos se incorporasse ao Exército Vermelho, e a crueldade das tropas da Wehrmacht incrementasse a resistência, a opressão do regime stalinista — o Grande Terror dos anos 1930, entre outros fatores históricos — havia gerado forte e profundo sentimento nacionalista antissoviético e, consequentemente, antirrusso, percebido pelo NKVD. O próprio Pavel Y. Meshik (1910–1953), chefe da estação do NKVD na Ucrânia, manifestou a Moscou o receio de que os nacionalistas ucranianos viessem a formar a quinta-coluna, em caso de invasão pelas forças do III Reich, possibilidade sobre a qual rumores já estavam a ocorrer. Adiantou ainda a ocorrência de rumores sobre a ida de 200 ativistas nacionalistas ucranianos para Berlim, a fim de fazerem cursos especiais de como administrar uma “Ucrânia independente”, e que mais de 1.000 grupos formados por elementos criminosos e fortemente armados, sob a liderança de Stepan Andriyovych Bandera (1909–1959), já estavam preparados para engajar-se em atividades contra a União Soviética. Em 27 de fevereiro de 1941, antes da Operation Barbarossa, Pavel Y. Meshik também informou a Stalin que os mestres encorajavam e ensinavam os alunos, nas escolas, a escrever a história e a geografia da “Ucrânia independente”, e mapas com essa configuração estavam pendurados em estabelecimentos de Cracow. Em tais circunstâncias, parte da população não só saudou como libertadoras as tropas da Wehrmacht, como lutou ao seu lado contra a União Soviética. Mais de 100.000 ucranianos colaboraram com os nazistas, integraram a polícia local (Schutzmannschgaften), ideologicamente motivados, e formaram várias unidades dentro das Waffen-SS e Wehrmacht, entre as quais a Divisão SS-Galichina, a 14ª Divisão de Voluntários SS (Galizien Division) e os batalhões Nachtigal e Roland.
Tais unidades militares eram integradas pelos protonazistas da Organização dos Nacionalistas Ucranianos-B (ONU-B/Banderivtsi), sob o comando de Stepan A. Bandera, agente direto da Abwher, o serviço de inteligência da Wehrmacht, e chefe do Exército Ucraniano Insurgente (Ukrayins’ka Povstans’ka Armiya — UPA), cujas milícias foram treinadas pelas Waffen-SS. A ONU-B/Banderivtsi constituía uma dissidência radical da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (ONU/Melnykivtsi), fundada em 1929 sob a liderança do general Andrij Melnyk (1890–1964), e não apenas recebia o suporte da Abwher, dirigida pelo almirante Wilhelm F. Canaris (1987–1945), como também contou, desde meados dos anos 1930, com o patrocínio do almirante sir Hugh Sinclair, então chefe do MI6, da Grã-Bretanha, para que combatesse o bolchevismo. As três organizações eram racistas, antissemitas, anticomunistas e colaboraram intensamente com as forças do III Reich — Waffen-SS, Gestapo, Einsatzgruppen etc. — na promoção de pogroms, desde o início da invasão da Ucrânia. E, em conluio com os nazistas, trataram de implicar os judeus com os crimes de Joseph Stalin, que muitos acusavam haver deliberadamente causado a morte de milhões de pessoas, durante a crise de fome de 1931–1932, que atingiu duramente a Ucrânia, onde Donbass foi das áreas mais afetadas.
Há controvérsias sobre as causas da crise. Porém, ela ocorreu. Nikita Kruschiov contou, em suas memórias, que ele não podia imaginar, quando deixou a Iuzovka/Stalino (Donetsk), em 1929, que a crise de fome iria abater a Ucrânia, porquanto a produção de alimentos havia alcançado o nível anterior à guerra civil (1917–1922), a qual havia devastado a agricultura, e o standard voltara a equivaler ao de 1913. Recordou que Anastas I. Mikoyan (1895–1978), então membro do Politburo do PCUS, disse-lhe que, em 1936, Nikolai N. Demchenko, secretário do PC em Kiev, informou-lhe que, naqueles anos, chegavam trens de Kharkov com vagões abarrotados de cadáveres. Supunha que Stalin de nada sabia. Tinha medo de transmitir-lhe a informação. E somente ousou falar com Mikoyan.
O fato é que Stalin realmente sabia da desastrosa situação. Quando conferenciou com Winston Churchill, então primeiro-ministro da Grã-Bretanha, em Moscou (12 de agosto de 1942), ao ser indagado se as tensões da guerra contra a Alemanha nazista lhe eram tão ruins quanto a luta pela coletivização, ele respondeu que não, que a luta fora “terrível”: “Dez milhões [...] foi assustador.” De fato, grande massa de 10 milhões de kulaks foi extirpada e deslocada na União Soviética. E a estimativa era de que entre 6 e 8 milhões de pessoas, apenas entre 1931 e 1933, morreram esfomeadas — a maioria na Ucrânia — e até canibalismo houve — em consequência da gravíssima crise na agricultura, com a brutal queda da colheita de cereais, causada, inter alia, pelas requisições de grãos para exportar e coletivização forçada, em meio à sangrenta repressão e expropriação das terras pertencentes aos camponeses mais abastados (kulaks), e também de camponeses com menos recursos.
O fito de Stalin consistiu em destruir os kulaks como classe social, realizar a deskulakização (raskulaestespchivanie) e formar kolkhozy (cooperativas agrícolas/fazendas coletivas). Milhares foram deportados para a Sibéria ou executados. Certamente, ademais dos que morreram durante a crise de fome, no início dos anos 1930, cerca de 4,2 milhões de pessoas pereceram até 1950, vítimas dos expurgos ordenados por Stalin, conforme revelou posteriormente Wladimir Krjutschkow (1924–2007), ex-diretor do KGB. Por sua vez, o historiador Roy Medvedev calculou os mortos em cerca de 12 milhões de pessoas, além de outros 38 milhões, que sofreram as mais variadas medidas de repressão (prisão, campos de trabalho etc.).
Decerto a deskulakização não foi o único fator da crise de fome. De qualquer forma, durante a ocupação pelas tropas do III Reich, a crise de fome dos anos 1930 serviu como elemento de propaganda contra os judeus/bolcheviques, a acusá-los como responsáveis pelo acontecimento. E os nacionalistas ucranianos, associados intimamente aos nazistas, participaram das terríveis matanças sucessivas, empreendidas pelos Einsatzgruppen A, C e D, nas mais diversas oblasts da Ucrânia. Nas regiões da Galitzia, Volhynia, Bukovina e muitas outras, as milícias da Organização dos Nacionalistas Ucranianos-B (ONU-B/ Banderivtsi) e do Exército Ucraniano Insurgente (Ukrayins’ka Povstans’ka Armiya — UPA) executaram uma limpeza étnica, com o massacre de cerca de 100.000 ou mais pessoas, em 1943. Segundo algumas fontes, os nacionalistas/protonazistas exterminaram entre 40.000 e 60.000 civis poloneses no território de Volhynia e entre 25.000 e 30.000 na região da Galitzia. 44 E, em dois dias — 29 e 30 de setembro de 1941— na ravina de Babyn Yar (Бабий Яр), ao norte da cidade de Kiev, mais de 33.000 judeus, ademais de comunistas, sacerdotes da Igreja Ortodoxa, ciganos (gypsies/romas) e prisioneiros de guerra russos foram coactados a abrir eles mesmos a cova coletiva, depois fuzilados e muitos lançados sobre os cadáveres dos outros e sepultados vivos. Calcula-se que o número de vítimas chegou a 100.000.
Stepan A. Bandera e seus companheiros haviam proclamado a independência da Ucrânia, com o suporte da unidade ucraniana protonazista Nachtigall, em 30 de junho de 1941, logo após a conquista da cidade de L’viv, onde milhares de judeus — homens, mulheres e crianças — foram sumariamente aniquilados. Seu ideal era uma Ucrânia nazista, mas “independente”, com um governo aliado a Hitler, a fim de consolidar a “nova ordem étnica na Europa”, através da “destruição da influência sediciosa dos judeus bolcheviques”. Cria que, terminada a guerra, o III Reich, vitorioso, retiraria suas tropas da Ucrânia, etnicamente limpa e independente, libertada tanto da Polônia quanto da União Soviética. Volodymyr Stakhiv, eleito ministro dos Assuntos Exteriores, escreveu a Hitler a solicitar apoio à “nossa luta étnica”.
Não obstante Stepan Bandera e demais chefes da ONU-B/Banderivtsi e da ONU/Melnykivtsi cooperarem na execução da Shoah (Holocausto), não só na Ucrânia como na Polônia, com as matanças, a limpeza étnica do gueto de Varsóvia e o envio de milhares de judeus para os campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau, as autoridades de Berlim, após alguma hesitação, ordenaram sua prisão. Muitos dos seus companheiros e adeptos foram perseguidos, alguns presos, e até mortos, uma vez que pretendiam a independência completa da Ucrânia, embora aliada à Alemanha e aos países do Eixo, contra os judeus/bolcheviques e a União Soviética. E Stepan Bandera, levado para Berlim, foi internado no campo de concentração de Sachsenhausen e depois transferido para Zellenbau Bunker.
A pretensão de fundar um Estado eslavo independente não convinha, contudo, aos interesses de Hitler, cujo projeto era descerrar o Lebensraum (espaço vital) da Alemanha, i.e., talar as estepes da Ucrânia, para colonização e assentamento dos camponeses alemães, aos quais os eslavos, por ele considerados untermenschen (sub-humanos), deveriam servir como escravos. Desde o início da ocupação, o comando da Wehrmacht em L’viv havia usado a Ucrânia como a principal fonte de suprimentos agrícolas para suas tropas, mas também de força de trabalho escrava. Em setembro de 1944, ante o avanço do Exército Vermelho, os nazistas libertaram Stepan Bandera e outros e os transportaram para a Ucrânia, a fim de que colaborassem no enfrentamento com a União Soviética.
Uma facção, liderada por Mykola Lebed (1909–1998), associou-se mais estreitamente com o OSS (Office of Strategic Services), o serviço de inteligência dos Estados Unidos, antecessor da CIA. E Stepan Bandera conseguiu escapar para a Alemanha, a Zona de Ocupação da Grã-Bretanha. Lá orientou a reforma da ONU-B/Banderivtsi e voltou a trabalhar para o MI6. Continuou então a coordenar as ações de guerrilhas e atividades terroristas contra a União Soviética, na Ucrânia, mediante o assassinato de conscritos do Exército Vermelho, suas famílias inteiras, o incêndio das moradias e florestas, a devastar vilas e explodir pontes. Cerca de 35.000 membros dos serviços secretos da Polônia e da União Soviética, militares e quadros do Partido Comunista foram assassinados pelos guerrilheiros da ONU-B/Banderivtsi e do Exército Ucraniano Insurgente, nos dois anos seguintes ao fim da Segunda Guerra Mundial. A esse tempo, a Ucrânia voltara a sofrer severa seca que afetou pesadamente a agricultura, reduzindo drasticamente a produção de grãos, a fome tornou-se iminente e o canibalismo ocorreu em algumas regiões, onde cadáveres foram usados como alimento. Aleksei I. Kirichenko (1908–1975), secretário-geral do PC em Odessa, ao chegar a uma fazenda coletiva, viu uma camponesa cortar o cadáver de sua própria criança sobre a mesa e repartir os pedaços com outros. E Khruschiov, em suas memórias, recordou que foi difícil convencer Stalin que o péssimo resultado da colheita não resultara de sabotagem, ainda que os guerrilheiros da ONU-B pudessem haver largamente contribuído. E de fato contribuíram. A campanha terrorista, sob a orientação de Bandera e de outros dirigentes da ONU-B, devastou plantações, tornando desertas vastas áreas das estepes. O clímax dessa campanha terrorista ocorreu em 28 de setembro de 1948, com o assassinato do teólogo e sacerdote cárpato-russo Gabriel Kostelnik (1866–1948), da Igreja Ortodoxa. Kostelnik foi morto quando subia as escadas da Catedral da Transfiguração, em L’viv, por Vasily Pankiv, militante do Exército Ucraniano Insurgente, chefiado do exílio por Stepan Bandera. Vasily Pankiv suicidou-se imediatamente após o crime. Os atentados, porém, prosseguiram.
A estratégia dos serviços de inteligência do Ocidente consistiu em expandir a resistência armada na Ucrânia a Bielorrússia, Moldávia, Polônia, países do Báltico e outras repúblicas do Bloco Soviético. E, com a perspectiva de realizar operações paramilitares e operações encobertas, o OSS, chefiado por Allen Dulles, recrutou o general Reinhard Gehlen (1902– 1979), ex-chefe do Fremde Heere Ost (FHO), o departamento da Abwehr encarregado da coleta de inteligência nos países do Leste Europeu, que se entregara ao Counter-Intelligence Corps (CIC) dos Estados Unidos, em 1944, e negociou seus serviços e arquivos, em troca de sua libertação e de seus companheiros, integrantes da rede de espionagem e operações secretas na Ucrânia e em toda a União Soviética. Centenas de oficiais da Abwehr e das SS foram libertados e seguiram para as montanhas de Spessart, região da baixa francônia, entre a Baviera e Hesse, onde se juntaram ao general Reinhard Gehlen, já a serviço das U.S. Forces European Theater (USFET), desde que regressara dos Estados Unidos, onde fizera boa amizade com Allen Dulles. Muitos agentes da Organization Gehlen, de quem Bandera se tornara protegido, foram então infiltrados no sudoeste da Ucrânia, e diversos capturados pelo NKVD (НКВД — Narodnyy Komissariat Vnutrennikh Del), serviço de segurança da União Soviértica, denominado KGB a partir de 1954. Porém, enquanto o general Gehlen clamava que Bandera “era um dos nossos homens”, os assessores americanos advertiram à CIA que sua organização na Ucrânia — ONU-B/Banderivtsi — estava infiltrada por agentes do NKVD. O general Gehlen, posteriormente, recebeu a missão de organizar o Bundesnachrichtendienst (BND), o serviço de inteligência da Alemanha Ocidental. As operações paramilitares na Ucrânia estavam então a declinar, desde a morte do general Roman Shukhevych (1907–1950), comandante do Exército Ucraniano Independente, abatido na resistência pelo general Viktor Drozdov, do NKVD, mas eventualmente persistiram até novembro de 1953.
Em 1959, o KGB (Komitet gosudarstvennoy bezopasnosti), o Comitê de Segurança do Estado, da União Soviética, sob a direção de Alexander Shelepin e com a aprovação de Khruschiov, decidiu eliminar os líderes nazistas, que fugiram da Ucrânia para a Alemanha. Em 15 de outubro de 1959, o agente Bohgdan Stashinsky, que antes matara Lev Rebet (1912–1957), um dos chefes da ONU-B, executou também Stepan Bandera, na entrada do apartamento onde ele morava, em Munique, com o disparo de ampolas de cianureto no rosto do guerrilheiro. Yaroslav Stétsko, igualmente condenado pelo KGB, teve sorte diferente e conseguiu escapar dos atentados contra ele planejados. Stétsko foi autor de um livro que serviu como base ideológica para a fundação, em 1991, da União PanUcraniana/União de Todos os Ucranianos, registrada em 1995 como Partido Social-Nacional da Ucrânia (SNPU), conhecido como Svoboda, partido da extrema direita nacionalista, antissemita e cujo símbolo evocava a suástica dos nazistas.
Viktor Yushchenko, um dos líderes da Revolução Laranja (novembro de 2004 – janeiro 2005), financiada e encorajada por ONGs dos Estados Unidos e da União Europeia, conferiu postumamente a Stepan Bandera o título de “Herói da Ucrânia”, em 22 de janeiro de 2010, pouco antes de deixar a Presidência. Uma estátua, outrossim, foi erigida em L’viv. Vários colaboradores do nazismo, companheiros de Stepan Bandera, foram igualmente reabilitados e homenageados. Tais fatos chocaram grande parte da população do país, principalmente do leste e sudeste. Viktor F. Yanukovych, ex-governdor da Donetsk Oblast, pelo Partido das Regiões, predominante em Donbass, leste e sudeste, ainda como candidato à Presidência anunciou que derrogaria o título de “Herói da Ucrânia” e outras homenagens prestadas a Bandera, um colaborador do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, e o fez, logo após assumir o governo. O jornalista Clifford J. Levy, de The New York Times, observou que a contenda em torno das homenagens prestadas a Stepan Bandera “reflects the longstanding geographic schism in Ukraine and its impact on the nation’s politics”. A contradição era perfeitamente perceptível, e a fratura, latente, a evidenciar a existências de duas Ucrânias, conforme salientou Eleonor Narvselius, do Centro para Estudos Europeus, da Universidade de Lund (Suécia)."
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