MÁRIO FIRMENICH: SOBRE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL
- grupomonizbandeira
- 3 de nov. de 2022
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Mario Eduardo Firmenich*
Lula ganhou a presidência, o que é motivo de alegria e felicidade, porque não se trata de um triunfo qualquer, mas um triunfo contra a enorme proscrição, perseguição e prisão que sofreu nos anos anteriores.
Envio as minhas sinceras felicitações a Lula e a sua força política.
Entretanto, as eleições no Brasil deixam todo o continente com um sabor agridoce. O mundo inteiro observa com preocupação e espanto que Bolsonaro não reconheceu a sua derrota, que não felicitou o vencedor, e que encorajou os seus apoiadores mobilizados com as fake news de que houve algum tipo de fraude nas eleições.
Esta grave realidade acrescentada à margem muito estreita da vitória eleitoral de Lula deve nos direcionar a uma reflexão.
Analisando os processos políticos do Brasil, Peru, Paraguai, Chile, Bolívia e Argentina nos últimos tempos, parece que as democracias liberais de transição que sucederam às ditaduras da Doutrina de Segurança Nacional e do Plano Condor nos anos 80 estão em processo de decadência.
É uma lei geral que os processos que não são capazes de evoluir para realidades qualitativamente superiores primeiro empacam e depois entram em decadência irreversível.
“Quando você vir as barbas do seu vizinho pegarem fogo, coloque as suas de molho.”
Todos nós, argentinos, devemos estar conscientes destas realidades a fim de evitar que a crise institucional nacional aprofunde o declínio da democracia liberal em direção a cenários de desintegração nacional. Os processos de decadência não podem ser invertidos com uma política semelhante à da avestruz.
O movimento popular maioritário, o Peronismo, deve emergir da sua própria decadência recuperando a vitalidade política e programática revolucionária das suas fileiras e quadros militantes, a fim de contribuir para a solidariedade continental, impulsionando a salvação e a refundação do nosso próprio país. "Só o povo salvará o povo".
* *Mário Eduardo Firmenich é Doutor em Economia pela Universidade de Barcelona, professor de Economia Política dessa mesma instituição e dirigente histórico da vertente revolucionária Peronismo.
Tradução: Gustavo Santos.
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